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É necessária a representatividade LGBT na literatura?




No post de hoje, tenho o prazer de dar a fala a um dos nossos autores mais antigos: Tadeu Fernandes. A discussão de hoje ocupa um lugar importante na literatura atual e universal. Espero que aproveitem 😊


Desde 2020, houve um acréscimo significativo em obras literárias com protagonismo LGBTQIAPN+. Essa mudança tem sido considerada muito positiva pela comunidade mas, ao mesmo tempo, tem trazido muitos debates, que são, no mínimo, interessantes.


Certos grupos da sociedade, principalmente os mais religiosos ou os que defendem a família acima de tudo, são os que mais criticam esse aumento na representatividade LGBT. Eles usam argumentos de que mostrar isso para todo mundo é errado, “não natural”, entre várias outras desculpas que inventam para disfarçar um preconceito nem tão velado assim.

 

A verdade é que as pessoas LGBT sempre existiram, mas nunca houve espaço para serem vistas, seja na TV ou nos livros. Nesse último grupo, inclusive, sempre teve uma possibilidade maior justamente por não ser tão óbvio essa forma de representatividade. As páginas das histórias sempre puderam contar sem mostrar diretamente ao olho nu. Somente pra quem lesse e tivesse imaginação.

 

O que tem mudado esse aspecto “discreto” dos livros foram as redes sociais. Porque antes o que era somente visto pelo leitor, hoje pode ser compartilhado de forma rápida e simples e é aí que está o problema para os tais grupos mencionados. A ampla divulgação de livros “pecaminosos” por viralização no TikTok, por exemplo, é como se o inferno tivesse vindo parar entre nós.


Com o avanço das lutas pelos direitos, a comunidade LGBT vem conquistando espaço, muito merecido, nos mais amplos mercados. Muita coisa precisa mudar? Com absoluta certeza. Ainda existe uma alta resistência de casas editoriais em publicar obras com esse teor justamente pelo medo de alguma represália, porque nos últimos anos, os grupos religiosos têm ganhado mais forças, o que gera muitas questões para as pessoas LGBT.

 

Falando nelas, inclusive, vamos voltar ao título: é necessária representatividade LGBT na literatura? E a minha única resposta para esse assunto é: sim. Precisamos desse tipo de representatividade porque pessoas LGBTs são múltiplas. Existem grupos dentro da comunidade que se identificam e que se aproximam justamente porque tem dificuldade de encontrar essa referência nas obras dos mais diferentes formatos.

 

Já passou da fase onde tínhamos somente LGBTs como “chaveirinho hétero”, melhor amigo da protagonista ou alívio puramente cômico, sem nenhum aprofundamento na personagem. Isso precisa mudar. Isso já está mudando, na verdade.


É algo que sempre questionei, inclusive. Por que em filmes de ações/fantasia/ficção científica, homens, normalmente héteros, podem viver seus arcos de aventura, suas jornadas e aí no meio delas conhecem uma mulher, tem algum tipo de relacionamento afetivo ou sexual e continuam a jornada com zero problema e questionamento? Por que pessoas LGBTQIAPN+ não podem fazer o mesmo?

 

Quando eu escrevi Projeto AXO, eu tive isso em mente. Eu queria um protagonista LGBT que pudesse viver uma aventura, ter seus relacionamentos, e depois continuar sua jornada, sem que sua sexualidade fosse questionada ou algo do tipo. Pessoas LGBTQIAPN+ não podem ter suas histórias contadas somente do seu momento de descoberta. A comunidade não merece só isso.

 

E depois que se descobrem? O que acontece? E tenho uma resposta simples: a vida. A vida acontece. E é por isso que precisamos cada vez mais de protagonistas LGBTQIAPN+ não só em histórias de romance, mas nos mais variados gêneros, como fantasia, SciFi, terror e muito mais. Tudo que a mente humana permitir. E essa mudança tem vindo. Tá acontecendo. E vai continuar, mesmo com a reclamação dos que não gostam. Isso não impede mais ninguém de poder viver sua vida.

 

E por todos esses motivos, precisamos dessa representatividade LGBTQIAPN+. Porque, se até mesmo Guimarães Rosa pode colocar um homem trans em uma de suas obras mais famosas, Grande Sertão: Veredas, com toda certeza podemos escrever ainda mais estas histórias hoje em dia.


Caso tenha uma obra prontinha e queira finalmente publicá-la de forma física, envie seu original para a FLYVE fazer uma avaliação!

 

Para isso, basta você mandar uma mensagem para mim (54 9618-3114) ou enviar um e-mail para publicacao@flyve.com.br

 

Beijos da Marina

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